quarta-feira, agosto 26, 2009

Measure for Measure




Ontem fui cultivar-me indo assistir a uma peça de teatro. E como não faço as coisas pela metade, foi logo uma peça de Shakespeare: Measure for Measure. O cenário não podia ser melhor, ao ar livre nos jardins do Robinson College. Depois dum jantar rápido de peru panado no Wolfson Court peguei na minha fiel bicicleta e desci a Grange Road até ao college, onde a minha Camille já estava a chegar com a sua cabecinha amarela e sorriso bonito (mas não amarelo). Sim, porque a Camille não pôde comer comigo e então levou o seu jantarinho preparado para o teatro. Aqueles "crunchs" durante a peça eram ela a comer a sua cenourinha.

Mas voltando ao teatro. O enredo desta peça era uma coisa fabulástica. Felizmente a minha cara-metade gaulesa teve a feliz ideia de me trazer um resumo, senão não tinha percebido nada. O duque de Viena deixa a cidade durante uns tempos deixando o governo a cargo de Ângelo, um suposto puritano que pretende aplicar seriamente tudo quanto é lei anti-sexo. Começa condenando à morte Cláudio por fornicação. Isto porque o dito não aguentou esperar pela data do casamento. O amigo de Cláudio, Lucius (que era uma espécie de bobo que divertia-se a saltar do palco para a relva e meter a cabeça por entre os arbustos), convence a irmã de Cláudio, Isabella, uma candidata a freira a ir pedir misericórdia a Cláudio. Este apaixona-se por Isabella e acaba por lhe dizer que salva o irmão se ele lhe der a virgindade (é mesmo assim). Ela diz que não, e o pobre Cláudio fica enrascado. Entretanto o Duque na realidade anda disfarçado de monge a ver o tudo o que se passa e diz à Isabella que a antiga noiva de Cláudio, Mariana, ainda anda por ali. Então Isabella diz ao Angelo que sempre vai prá cama com ele mas tem de estar escuro e em silêncio. Claro, que quem vai prá cama com ele é a Mariana. Mas o Ângelo é trafulha e manda cortar a cabeça ao Cláudio de qualquer maneira. Então o Duque (disfarçado de monge) consegue fazer com que em vez da cabeça do Cláudio lhe mandem a cabeça dum pirata (que eu não me lembro nome) que morreu nessa noite de febre.

Acaba tudo por ser revelado: o Ângelo tem de se casar com a Mariana, o Cláudio safa-se, o Lúcio vai parar à prisão porque andou a dizer mal do Duque ao monge e mal do monge ao Duque (que são a mesma pessoa, e logo levou a mal), e o Duque pede a mão da Isabella em casamento (apesar de esta querer ir para freira). Ela não responde nem que sim nem que não e acaba a peça.

Fiuuu! Complicado eh? E isto é só o resumo. Agora imaginem isto durante duas horas com um Inglês todo torcido em que para dizer "vou ali e já venho" dizem "parto minha senhora mas asseguro-vos que antes que as sombras dos plátanos tenham encoberto o Parténon, sua senhoria pousará os olhos naquele que vos tem em mais alta estima".

Mas pronto, gostei :)

1 comentário:

Unknown disse...

Gostei especialmente desta frase: para dizer "vou ali e já venho" dizem "parto minha senhora mas asseguro-vos que antes que as sombras dos plátanos tenham encoberto o Parténon, sua senhoria pousará os olhos naquele que vos tem em mais alta estima".

Já estou a ver o filme que deve ter sido... ou melhor, o teatro! (que piadola fantástica)

Abraço